16.11.11

Vida digital

Não sei dizer se é um fato real, como informa no e-mail que recebemos, ou se é um caso de ficção. Não importa. O fato é que, com esse e-mail circulando, ele tanto pode funcionar como um alerta aos jovens e usuários de internet quanto como um tutorial aos maus intencionados, não concordam?

Então, porque não ficar prevenido, evitando expor-se demais em facebooks, orkuts e messengers da vida? Evite postar fotos para amigos que não conhece pessoalmente e, principalmente, tenha muito cuidado com as informações que pode acabar passando numa simples conversa, aparentemente inofensiva e casual, com quem você não tem certeza de quem realmente é.

Após  deixar seus livros no  sofá ela decidiu comer  um lanche e entrar  online. Conectou-se com  o seu nome na tela: Docinho14. Revisou sua lista de amigos e viu que Meteoro123 estava conectado. Ela  enviou uma mensagem  instantânea:

Docinho14: Oi. Que sorte que vc está aí! Pensei que alguém me seguia na rua hoje. Foi esquisito mesmo!

Meteoro123: RISADA. Vc assiste muita TV. Por que alguém te seguiria? Vc não mora em um bairro seguro?

Docinho14: Com certeza. rsrsrs. Acho que imaginei isso porque não vi ninguém quando virei.

Meteoro123: A menos que vc tenha dado teu nome online. Vc não fez isso, né?

Docinho14: Claro que não. Não sou idiota, vc já sabe.

Meteoro123: Você jogou vôlei depois do colégio hoje?

Docinho14: Sim e ganhamos!

Meteoro123: Ótimo! Contra quem?

Docinho14: Contra as Vespas do Colégio Sagrada Família. rsrsrs. Seus uniformes são um nojo! Pareciam abelhas.. rsrsrsrsrs

Meteoro123: Como se chama teu time?

Docinho14: Somos os Gatos de Botas. Temos garras de tigres nos uniformes...São muito legais.

Meteoro123: Você joga no ataque?

Docinho14: Não, jogo na defesa. Tenho que sair. Tenho que fazer minha tarefa antes que cheguem meus pais. Não quero que fiquem bravos. Tchau!

Meteoro123: Falamos mais tarde. Tchau.

Entretanto Meteoro123 foi ao menu de membros e começou buscar sobre o perfil dela. Quando apareceu, copiou e imprimiu. Pegou uma caneta e anotou o que sabia de Docinho14 até agora.

Seu  nome: Tatiane
Aniversário: Janeiro 3, 1993.
Idade.: 13.:
Cidade onde vive: Santo Antônio da Platina, Estado do Paraná.
Passatempos: vôlei , inglês, natação e passear nas lojas.

Além  desta informação sabia  que vivia em Santo  Antônio da Platina  porque lhe tinha contado  recentemente. Sabia que  estava sozinha até  as 6.30 PM todas  as tardes até que  os pais voltavam do  trabalho. Sabia que  jogava vôlei nas quintas  feiras de tarde com  o time do colégio,  os Gatos de Botas.

Seu  numero favorito, o 4,  estava estampado na  sua jaqueta. Sabia que  estava na oitava série  no colégio Sebastião  Paraná. Ela tinha contado  tudo em conversas online.

Agora  tinha suficiente de  informação para encontrá-la.  Tatiane não contou  a seus pais sobre  o incidente ao voltar  do parque. Não queria  que brigassem com ela  e que lhe impedissem  voltar caminhando dos  jogos de vôlei.

Os pais sempre exageram e os seus eram os piores. Ela teria gostado não ser filha única.

Talvez  se tivesse irmãos seus  pais não tivessem sido  tão sobre-protetores.
Na quinta feira Tatiane já tinha esquecido que alguém a seguia. Seu jogo estava em plena ação quando de repente sentiu que alguém a observava. Então lembrou. Olhou desde sua posição para ver um homem observando-a de perto.

Estava  inclinado contra a cerca  na arquibancada e sorriu  quando o viu. Não
parecia alguém de quem temer e rapidamente fugiu o medo que sentiu. Depois do jogo, ele sentou-se num dos bancos enquanto ela falava com o treinador. Ela percebeu seu sorriso mais uma vez quando passou do lado.

Ele acenou com a cabeça e ela devolveu o sorriso. Ele percebeu seu nome nas costas da camiseta. Sabia que a tinha achado.

Silenciosamente  caminhou numa distância  certa atrás dela. Eram  só umas quadras até  a casa de Tatiane  quando viu onde morava  voltou logo ao parque  para procurar seu carro.

Agora tinha que esperar. Decidiu comer algo até que chegou a hora de ir à casa de Tatiane. Foi a uma lanchonete e sentou até a hora de começar seu objetivo.

Tatiane  estava no seu quarto,  mais tarde essa noite,  quando ouviu vozes na  sala. “Tati, vem aqui!”, chamou seu pai. Parecia perturbado e ela não imaginava o porquê. Entrou na sala e viu o homem do parque no sofá.“Senta aí”, começou seu pai, “este senhor nos acaba de contar uma história muito interessante sobre você”.

Tatiane  sentou-se. Como poderia  ele contar-lhes qualquer  coisa? Nunca o tinha  visto antes de hoje!

“Você sabe quem sou eu?” perguntou o homem.

“Não‘” respondeu Tatiane.

“Sou polícia e teu amigo do chat, Meteoro123”.

Tatiane  ficou pasmada. “É impossível! Meteoro123 é um menino de minha idade! Tem 14 e mora em Minas Gerais !”.

O  homem sorriu. “Sei que eu disse tudo isso, mas não era verdade. Veja, Tatiane, tem gente na internet que se faz passar por garotos; eu era um deles. Mas enquanto alguns o fazem para machucar crianças e jovens e fazer dano, eu sou de um grupo de pais que o faz para proteger as crianças dos malfeitores. Vim te encontrar para te ensinar que é muito perigoso falar online. Você me contou o suficiente sobre você para eu te achar facilmente... Você me deu o nome da tua escola, do teu time e em que posição você joga”.

O  numero e teu nome  na jaqueta fizeram com  que eu te encontrasse  rapidinho.
Tatiane gelou. “Você quer dizer que não mora em Minas Gerais?”. Ele riu.
“Não, moro em Santo Antonio da Platina. Você se sentiu segura achando que
morava longe, né?”

“Eu tenho um amigo cuja filha era como você. Só que ela não teve tanta sorte. O cara a encontrou e a assassinou enquanto estava sozinha em sua casa. Ensina-se  as crianças e jovens a não dizer pra ninguém quando que
eles estão sozinhos, porém contam isso o tempo todo pela internet.

As  pessoas maldosas te  enganam para tirar informação  daqui e de lá  online. Antes que você  saiba você já lhes  contou o suficiente  para ele te achar  sem você perceber.  Espero que você tenha  aprendido uma lição  disto e que não  o faças de novo.

Conta  a outros sobre isto  para que também estejam  seguros”.

“Prometo que vou contar!”.

Essa noite, Tatiane e seus pais ajoelharam-se juntos e agradeceram a Deus por protegê-la do que poderia ter sido uma situação trágica...

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